Dia Internacional da Mulher – pioneiras da história do Brasil

08 mar Dia Internacional da Mulher – pioneiras da história do Brasil

“Você não sabe o quanto eu caminhei…” pra que todas pudessem chegar até aqui, em 2024. Acredite: situações que pra gente é super normal, que fazem parte da nossa vivência e rotina, anos atrás eram impensadas serem feitas por uma mulher. 

Neste Dia das Mulheres, listamos algumas pioneiras que desbravaram o mundo e fizeram algo ‘pela primeira vez’, para que pudéssemos, hoje, fazer sempre. Vem ver: 

Madalena Caramuru (séc. XVI): primeira mulher brasileira a saber ler e escrever
O casamento da índia Caramuru com o português Afonso Rodrigues teria marcado seu ingresso no mundo das letras. Em 1561, ela teria escrito uma carta ao bispo de Salvador pedindo que as crianças escravas fossem salvas dos maus-tratos. Ela representa uma notória exceção ao padrão da sociedade colonial, na qual as mulheres eram mantidas na ignorância. 

Adélia Sigaud (c.1840-?): primeira brasileira a ler pelo método Braille
Cega desde criança, Adélia aprendeu o método Braille com o escritor José Alves de Azevedo. Após conhecê-la, o imperador D. Pedro II, em 1854, fundou o Instituto Benjamin Constant, destinado ao ensino de crianças e jovens deficientes visuais. 

Rita Lobato (1867-1954): Primeira mulher a se formar em medicina no Brasil
Quando Rita ingressou no curso de medicina, havia três anos que o decreto imperial facultava às mulheres a matrícula nos cursos superiores do País, embora a primeira escola de ensino superior no Brasil datasse de 1808. Formou-se em 1887 e começou a clinicar no Rio Grande do Sul no ano seguinte. 

Myrthes de Campos (1875- 1965): Primeira Advogada do Brasil
Formou-se na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1898 e, após muitos anos de luta, conseguiu o registro do diploma, sendo reconhecida oficialmente como a primeira advogada no Brasil. Myrthes destacou-se em sua primeira atuação no Tribunal de Júri, absolvendo o réu e apresentando um profundo conhecimento do Código Penal, além de possuir forte poder de argumentação. 

Ana Néri (1814-1880): Pioneira da enfermagem no Brasil
Acompanhou seus filhos, soldados na Guerra do Paraguai, como voluntária em 1865, sendo posteriormente contratada pelo presidente da província como enfermeira para servir com as tropas no Paraguai. Foi a primeira brasileira a ser reconhecida como heroína e ter seu nome inscrito no livro dos heróis nacionais, depositado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília-DF.

Nise da Silveira (1905- 1999): Pioneira da saúde mental e luta antimanicomial no Brasil
Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia aos 16 anos, sendo a única mulher da turma. Interessou-se por métodos terapêuticos (terapia ocupacional e arteterapia) como tratamento para a esquizofrenia, desenvolvendo um importante trabalho que resultou também na fundação do Museu de Imagens do Inconsciente, fundado por Nise em 1952, no Rio de Janeiro, no qual foram expostos trabalhos artísticos dos pacientes tratados.

Eugênia Moreyra (1898-1948): Primeira repórter mulher do País
Sua primeira reportagem foi publicada na primeira página no jornal Última Hora. Nos anos 1920, participou ativamente do movimento feminista, na campanha em prol do sufrágio feminino, assim como do movimento modernista. Eugênia era uma figura emblemática da mulher liberal. Fumava charutos em público, desafiando os costumes da época.

Celina Guimarães (1890-1972):  Primeira eleitora do Brasil
No dia 25 de novembro de 1927, Celina deu entrada a uma petição na qual pedia para ser incluída no rol dos eleitores do município de Mossoró (RN). Celina marcou a vanguarda política das mulheres na América do Sul, tornando realidade o voto feminino no Brasil. 

Maria Quitéria (1792-1853): primeira mulher a participar das Forças Armadas Brasileiras
Saiu de casa contra a vontade de seu pai, cortou o cabelo, pegou emprestada a farda do cunhado, adotou o nome de soldado Medeiros e ingressou, disfarçadamente, no Regimento de Artilharia. Maria Quitéria faz parte da história do Brasil como heroína da Independência do Brasil. 

Rachel de Queiroz: (1910- 2003): Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras
Escrevia prosa regionalista, abordando, principalmente, os problemas do Nordeste. Além do interesse social, seu primeiro romance – O Quinze – demonstra sua preocupação com os traços psicológicos do homem dessa região.

Chiquinha Gonzaga (1847-1935): pioneira da Música Popular Brasileira
Recebeu de seu pai, como presente de casamento, um piano, objeto muito valorizado no Brasil imperial. Ao lado da carreira de maestrina, compositora e “pianeira”, como era chamado na época, adotou também o violão e dedicou-se às campanhas sociais. Ativista da abolição, participou de festivais que arrecadavam fundos para a Confederação Libertadora. Chiquinha vendia suas músicas para comprar a alforria de escravos. O dia do seu nascimento,17 de outubro, foi declarado Dia Nacional da Música Popular Brasileira em 2012.

Carmem Miranda (1909-1955): cantora e atriz luso-brasileira de renome mundial
Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Carmen foi a primeira artista multimídia do Brasil. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Sua figura tornou-se um dos ícones do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960. Carmem Miranda esteve presente tanto na música “Tropicália” de Caetano Veloso como serviu de símbolo do estereótipo tropical do Brasil.

Tarsila do Amaral (1886- 1973): pioneira das artes plásticas e do Movimento Modernista no Brasil
Artista plástica marcou a arte brasileira. Na década de 1920, participou da criação dos movimentos Pau-Brasil e Antropofágico, defendendo a criação de uma estética originalmente brasileira, ainda que influenciada pelas artes europeias. Em 1928, pinta “Abaporu”, uma de suas principais obras, inspirada pelo movimento antropofágico, desencadeado também por Oswald de Andrade, seu marido.

Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885): Escritora, educadora, feminista e tradutora
Primeira mulher brasileira a defender publicamente a emancipação feminina. Nísia Floresta fundou uma escola inovadora na cidade do Rio de Janeiro, marco na história da educação feminina no Brasil. Achava que a educação era o primeiro passo para a emancipação da mulher. Traduziu e publicou Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens, da feminista Mary Wollstonecraft, assinando com o nome que adotou: Nísia Floresta Brasileira Augusta

Cora Coralina (1889-1985): pioneira na escrita de poesias e contos brasileiros
Foi uma renomada poetisa e contista brasileira. Em 1983, recebeu da União Brasileira de Escritores o título de ‘Intelectual do Ano’ e o troféu Juca Pato, tornando-se a primeira mulher a ser agraciada com eles. Publicou seu primeiro livro, O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais, aos 76 anos de idade.

Maria Esther Bueno (1939): primeira mulher a vencer os principais torneios de tênis mundial
Nascida em uma família desportista, Maria começou a competir como tenista aos 11 anos de idade e ganhou seu primeiro título nacional aos 13. Conquistou, no total, 589 títulos em sua carreira e foi a primeira mulher a vencer os quatro torneios do Grand Slam, principais torneios de tênis mundial.  

Maria Lenk (1915-2007): Primeira mulher sul-americana a competir nas Olimpíadas
Nascida em São Paulo, a nadadora Maria Lenk obteve muitas vitórias que foram fundamentais para a aceitação das mulheres no esporte. Foi excomungada por dar aulas de natação, mas manteve-se na luta pela igualdade de direitos para ambos os sexos em todas as modalidades de esportes e competições.

Léa Campos (c.1945): Primeira mulher árbitra de futebol no mundo
Formada em educação física e jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), sua carreira de árbitra começou com um curso realizado na escola de árbitros do Departamento de Futebol Amador da Federação Mineira de Futebol (FMF), tendo seu diploma reconhecido pela FIFA e pelo governo federal em 1971.

Bônus: você sabia que a cerveja foi inventada por mulheres?
Antigamente, a bebida era vista como um tipo de alimento, uma parte do cardápio (tarefa que era reservada às mulheres). Assim, apenas elas sabiam quais eram as especiarias necessárias para criar a bebida. Nas sociedades antigas, a cerveja era um presente de uma deusa, nunca de um deus.

Ou seja, um brinde para todas as mulheres que mudaram a história! 

Neste Dia Internacional das Mulheres, desejamos a todas a liberdade de ser e estar onde quiserem.